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O meu primeiro Júri

  • Foto do escritor: Douglas Coutinho
    Douglas Coutinho
  • 28 de jul.
  • 4 min de leitura

Fala, Criminalistas! Tudo certo?


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Criminalista, em primeiro lugar, peço desculpas pelo período sem postagens aqui no blog! Confesso que fiquei "sem tempo" para produzir e abastecer essa nossa plataforma de conteúdos. Em parte, é verdade que negligenciei... Entretanto, por outro lado (graças a Deus), estive ocupado executando e colocando em prática o exercício da Advocacia!


Sem mais delongas, no post de hoje compartilho com vocês uma experiência incrível que vivenciei ao atuar no meu primeiro Tribunal do Júri, ladeando uma colega e demais integrantes da defesa.


Adianto que já começamos o primeiro Júri com nulidade e dissolução do Conselho de Sentença! Leia até o final e você saberá exatamente o que aconteceu e como aconteceu.



SOBRE O CASO



O nosso cliente, cujo nome preservaremos por motivos óbvios, responde por um homicídio consumado e dois homicídios tentados, junto a outros dois corréus.


Imputações constantes da decisão de pronúncia:


  1. Art. 121, § 2º, incisos II e IV, na forma do art. 29 do CP, em relação à vítima A.

  2. Art. 121, § 2º, inciso III, c/c art. 14, inciso II, na forma do art. 29 do CP, em relação à vítima B.

  3. Art. 121, § 2º, inciso III, e § 4º, segunda parte (maior de 60 anos), c/c art. 14, inciso II, na forma do art. 29 do CP, em relação à vítima C.



DA PREPARAÇÃO PARA O JÚRI



Esse foi um ponto fundamental. Quando iniciamos a preparação, decidimos organizar as etapas, como por exemplo:


  • Quem analisaria os fatos;

  • Quem realizaria a degravação da audiência de pronúncia;

  • A identificação de contradições nos depoimentos;

  • Conversas com o réu;

  • Entre outras tarefas.


Essa fase foi essencial, pois estávamos em três pessoas (mais uma estagiária que ingressou na equipe às vésperas do Júri), e precisávamos dividir e compartilhar responsabilidades. Esse ponto é legal porque, como já sabem, venho do mundo corporativo e fui gestor de equipes. Sempre lidei com planejamento, cronogramas e prazos. Trouxe essa experiência para o nosso time técnico-jurídico.


Inclusive, compartilho com vocês um esquema do cronograma, que pode ser útil para você também. Mas antes, quero relatar de forma sincera um episódio ocorrido durante a preparação.


Começamos os trabalhos em janeiro de 2025, com encontros periódicos. Um dos colegas do time de defesa apresentou divergências quanto à condução dos trabalhos e às teses defensivas. Tentamos resolver, mas ele preferiu sair da equipe.


Aqui fica uma lição importante: O CLIENTE É O FOCO. Nem sempre a parceria flui, e tudo bem. O aprendizado é: conheça o processo de ponta a ponta, independentemente da divisão de tarefas. Nunca se sabe se, às vésperas do Júri, algo pode acontecer e você precisar conduzir tudo sozinho, com o réu e Deus.



A) CRONOGRAMA (modelo)



Criamos um cronograma com tarefas, prazos e datas para reuniões mensais.

Estudo do processo completo:


  • O quê (fatos), personagens, dinâmica, data, horário e local.

  • Depoimentos das testemunhas e suas contradições.

  • Imagens, datas e horários.

  • Obs.: assistir à audiência de custódia, à AIJ e, se possível, visitar a cena dos fatos.


Reforço técnico (rito do plenário):


  • Como funciona: ordem de fala, inquirição de testemunhas e interrogatório.

  • Nulidades que podem ser suscitadas por defesa ou MP e o que fazer.

  • O que não pode ser dito por defesa ou MP — e como reagir, caso aconteça.


Materiais de trabalho:


  • Impressão integral do processo.

  • Responsável: ______

  • Data de entrega: ______

  • Obs.: Para nós, ter o processo impresso é fundamental.


Definição das teses defensivas:


  • Elaborar e esquematizar as falas.


Elaboração de perguntas para inquirição e interrogatório:


  • Definir quem inquirirá e qual a estratégia.


Infografia:


  • Esquematização visual do processo.

  • Atualização: a cada 30 dias.Responsável: ______


Perfilamento de jurados:


  • Avaliação dos perfis mais adequados ao caso.

  • Responsável: ______

  • Data: ______

  • Obs.: Esse ponto é importantíssimo!


Preparação do réu:


  • Alinhar a tese com ele, sua postura e conduta (30 dias e 2 dias antes).

  • Alinhar com a família vestimenta e datas.

  • Responsável: ______

  • Data: ______



Criminalista, esse é apenas um esqueleto de como fizemos. Adapte conforme o caso concreto.



B) ESQUELETO DO ESTUDO DE CASO



Esse é o modelo que utilizamos em qualquer processo. Ele reúne informações essenciais e facilita a consulta, especialmente em plenário.

Item

Informações

Autos


Fato


Quando


Onde


Acusados


Vítimas


Acusação (Denúncia ID)


Resumo dos fatos


Testemunhas (Acusação/Defesa)

IDs

Demais provas produzidas


Teses


Tese principal


Tese subsidiária


Observações finais





C) DEBATES ORAIS



Quanto aos debates orais, seguimos essa estrutura para formulação e organização no momento da fala, de maneira cronometrada, uma vez que, haviam mais defesas e o nosso tempo de fala eram 00:50m. Obviamente, é um norte, um caminho a seguir.


DEBATES ORAIS

 

Estrutura:

 

1.           Cumprimentos (3 min.)

2.           Introdução (5 min.)      

3.           Discurso de emoção/empatia  (3 min.)

4.           Discurso racional (Pena e dados) (3 min.)

5.           Fatos (Exibição do vídeo) (5 min.)

6.           Explicar a acusação (4 min.)

7.           Detalhar fatos, condutas e destituir provas (10 min.)

8.           Apresentar a tese defensiva (10 min.)

9.           Explicar quesitos (5 min.)

10.      Agradecimento final (3 min.)



Criminalista, como esse post está ficando extenso, farei a parte 2 com os detalhes finais da preparação e, principalmente, como e por que ocorreu a dissolução do Conselho de Sentença diante da nulidade identificada em plenário.


Espero que esse conteúdo contribua com o seu caminho na advocacia!


Se quiser trocar uma ideia, já sabe:


📲 WhatsApp: (32) 99158-5482

📸 Instagram: @criminalistadouglas



 
 
 

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